terça-feira, julho 26, 2011

Pelos sinais do caminho

Naquele dia, viajando pela estradinha cheia de curvas, voltando de um passeio pelas montanhas no meio da semana, pedi uma orientação a Deus. Um sinal que dissesse algo sobre mim. Sobre meu momento.

Na curva seguinte, entrei em um trecho de temporal que não me deixava ver nada a frente. Chuva forte, fresca, que senti da forma que pude, molhando o braço pra fora do carro, passando a água gelada pelas pernas, rosto, pelo outro braço.
No temporal do momento, não havia onde parar. O que precisava ser feito era seguir devagar, sem estacionar, continuando em frente, enxergando mal, mas com confiança.

Quando saí da chuva imensa, que acabou como começou, pude ver uma placa no canto da estrada: KM 1.
Começar de novo.

E mais a frente, outra placa: Reduza a velocidade.
Nova fase. Ir com calma.

Nos trechos seguintes da estrada, um sol maravilhoso entre as sombras das árvores, até o caminho de casa.
Acreditar. Ter fé no plano perfeito.

Ano Novo!


Tudo começou há pouco mais de um ano atrás, quando descobri os miomas. Enquanto esperava pacientemente que o plano de saúde gentilmente liberasse a cirurgia (contém muita ironia), me submeti a um tratamento longo, cansativo e desgastante, física e emocionalmente. Não enlouqueci porque sou muito legal e sortuda, e tenho os amigos mais fofos, queridos e amorosos EVAH. 
E eis que, finalmente amanhã livrar-me-ei da "bola de futebol" (como meu médico carinhosamente se refere aos meus aliens) que reside nos confins do meu útero. 
Uma manobra cósmica do Universo, aliada a uma feliz coincidência, permitiu que essa cirurgia acontecesse exatamente no primeiro dia do ano, segundo o Calendário Maia!

"Não guarde emoções, não disfarcem ou finjam que está “tudo bem. 
Olhem para elas e peçam ajuda para liberá-los. O externo apenas está manifestando o que estava escondido para ser liberado. Nada existe fora, tudo está dentro.
O Universo fará o grande papel de trazer sinais sincrônicos para ajudar.
Fiquem atentos e boa transformação. Este é o ano da virada.
Começamos a ressurgir como raça divina que sempre fomos."

Cada um dos miomas ganhou um nome e uma representação energética, de coisas ruins que me aconteceram em 2010, cujas energias eu não quero carregar dentro de mim. Assim, devolvo essas energias pro Universo, não sem antes agradecer por ter tido a oportunidade de conhecer energias perniciosas e saber reconhecê-las quando houver necessidade. 


E amanhã, um novo ano vai começar nas nossas vidas. Minha, do Patrice, da Ruby, do Machadinho e do Epa. Porque as mudanças nas nossas vidas já começaram, e vocês sabem do que estou falando. Mais do que nunca, agradeço demais a vocês pelo amor, carinho, paciência e companheirismo de sempre. 

Até já!

segunda-feira, julho 25, 2011

Escritores


Em algum lugar, uma folha de papel branca e as teclas de uma máquina de escrever.

Uma tela de computador vazia, um mouse e um teclado.

Um pedaço de papel e um lapis de cor na mão de uma menininha de 8 anos.

Uma lata de tina spray e uma parede vazia pedindo um grafite.

Palavras misturadas em forma desconcertante num verso de poesia concreta.

Barulho inconfundível no tec-tec sobre o papel agora sendo preenchido.

Tilitar suave de um teclado e pixels de idéias a formar expressões e metáforas.

Um riscar gostoso e colorido sobre a folha, frutas, flores, frazes frias, flocos, fitas.

FFFFssssssshhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.

Um título, uma idéia nova e várias palavras entrelaçadas em um conto.

Um blog preenchido de energia e movimento.

Um belo presente para mamãe e papai.

Uma nova obra, feita de cores, sentimentos e transgressão.

Um feliz dia dos escritores, todos nós e todos vós!

terça-feira, julho 12, 2011

Pequeno irmão

A vida segue, meu pequeno irmão. Apesar das dificuldades a vida segue...

Vi de longe você se debater e sobreviver, tentar subir a tona de seus sentimentos e submergir no mar de si próprio, afogando-se de sentimentos e falsas perspectivas. Vi de longe a euforia fácil das noites de farra e amigos de ocasião. Vi de longe as companhias e companheiras que te guiaram para longe dos que você amava.

Acompanhei e esperei... Esperei que, ao seguir, a vida lhe desse os toques necessários para que pudesse se reerguer e prosseguir, quando o máximo que eu poderia te dar era um conselho ou um ombro. E assim o fiz. Esperei que aprendesse, se arrependesse das coisas não ditas, dos momentos roubados de si mesmo pelas loucuras que emergiam de seu mar pessoal.

Mas espero, querido pequeno irmão, que encontre-se. Encontre seu caminho, seu equilíbrio. Encontre seu ponto médio e seu porto nesse mar. Ele existe, acredite! Como em todo mar revolto encrespado de sofrimentos e angustias, a certeza do porto é perene. Ele existe!

Fique bem, pequeno irmão. E conte sempre com seu irmão mais velho, e talvez um pouco mais sábio, para quando fraquejar na jornada...

quinta-feira, julho 07, 2011

Pinceladas

Uma esquina escura. Uma mulher. Cabelos e olhos escuros. Noite. Pele branca. Neve. Manhã de sol. A figura repousa. À frente. Solitária. Introspectiva. Eu. Sentado à curva da esquina. A mulher em pé não me nota. Uma nuvem. A sombra morre. Seus cabelos sobre o par de ombros. Mãos brancas e inquietas. Permaneço parado. A esquina gira. A nuvem se vai. A sombra renasce. Vitrine de loja. Uma multidão de flores. Um homem caminha. O medo se instala. O suor escorre. A moça, silêncio. Um carro estaciona. Sai um casal. Uma mão recolhe. Dinheiro. Um ronco de motor. O carro se vai. Um corpo se levanta. Dois olhos se fecham. Uma vitrine. Um roubo. Um ladrão que corre. Uma mulher em silêncio. Cabelos negros. Ombro a ombro. Um corpo se vira. Uma mão se estende. Dois olhos se abrem. Uma voz ressoa. A mão que receia. O farol fecha. Dois policiais correm. Dois rostos. A mão oferece. O sol ainda brilha. Duas mãos recolhem. Uma rosa vermelha. Um corpo branco se despede. Dois olhos se fecham. Uma esquina escura. Um homem sentado.

quarta-feira, julho 06, 2011

Geada

Ela então ajeitou os cabelos de lado, puxados num rabo desarrumado, deitando de barriga na colcha colorida, enroscando os pés que calçavam aquelas meias marrons desbotadas de andar por tantos lugares, pegou o caderno e a caneta e rabiscou algumas flores, aquela velha mania de flores.

E entre os rabiscos foi relembrando seu dia, aquele texto da revista que parecia tanto com ela, o que tem incomodado e o que parece um presente, e pensou no dia em que desenhava as mesmas flores pensando naquele futuro que hoje já aconteceu.

Ela que nunca teve medo de nada aos olhos dos outros, na verdade tinha um milhão deles escondidos e começava a entender algumas coisas no meio daquele frio desgraçado da madrugada. Um barulhinho de ficha caindo em um lugar profundo e escuro.

O medo que tinha de encarar fantasmas virava coragem de ser a mais louca criatura a pisar naquela família, naquele círculo de amizades, naquela faculdade, naquele inferninho do centro da cidade. Era mais fácil estar no centro das atenções alheias do que no centro dela mesma.

O medo de dar errado. O medo de dar certo. E aquele medo do amor que parecia não existir nos relacionamentos, mas existia de uma outra forma, a forma com que ela se abandonava e se perdia e se mutilava e se escondia dentro de outras coisas. Criava uma casca de problemas com os quais podia se preocupar, atrás dos quais poderia se esconder, pra nunca ter que olhar pra aquele medo de não ser querida. Era mais fácil sabotar-se do que ser derrubada lá do alto por outra pessoa qualquer.

Lembrou de tudo o que escutou de tanta gente, dos pais, dos irmãos, dos malucos que achavam que a conheciam bem e descarregavam uma série de adjetivos doloridos e julgamentos massacrantes, que entravam rasgando e deixavam um deserto triste nos olhos. Que causavam cicatrizes com as quais ela ainda não sabia lidar de certa forma, apesar de achar sempre que já havia superado aquilo tudo.

Sentia frio e não quis se cobrir. Precisava sentir sem disfarces.

Pintou as flores de um jeito diferente, pensando na sorte que tinha de estar compreendendo.

terça-feira, julho 05, 2011

des-caminhos

eu te escrevo como uma maneira silenciosa de mandar a mágoa embora. o número de caracteres define o tamanho da mágoa, e a vontade de resignificar uma história que despertou em mim tantos sentimentos antagônicos.
te escrevo porque não existe mais saudade ou nostalgia, somente o gosto de sorvete de chocolate na boca e a vontade de compartilhar gostosuras, como em um abraço.
te escrevo porque busco alguma verdade, em um lugar que talvez exista. escondida.
e te escrevo porque através das palavras, eu me reconheço em mim mesma.