segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Uma vida nova

Dois mil e doze tinha tudo pra ser o melhor ano das nossas vidas: tínhamos muitos planos e estávamos trabalhando árduamente para colocar todos eles em prática. Tínhamos sonhos, desejos, ambições e estávamos começando a realizar todos eles, quando um mergulho no escuro mudou tudo: Marcos pulou de um barco, direto para o Rio Tapajós. Bateu a cabeça no fundo do rio, bem na véspera do seu aniversário. E desde então, nossas vidas tem sido um constante recomeço, uma vitória a cada dia.
Hoje, ele coçou o nariz sozinho. Amanhã, ele vai começar os treinos para tirar a fralda e aprender a controlar o intestino.
Reabilitação é isso: um dia depois do outro, um aprendizado seguido de outro. Pequenas conquistas diárias.
Eu não sei o que o futuro nos reserva, e sinceramente, não me importo, porque eu confio imensamente na capacidade de recuperação do meu marido. Porque ele é impaciente, teimoso e principalmente, porque ele é a prova vida de que "vaso ruim não quebra".
Ele é meu amor, é o homem mais corajoso que já conheci na vida. Está encarando tudo isso com uma sabedoria que eu desconhecia, e eu só posso me orgulhar mais e mais do homem com quem eu me casei.
Mas o mais importante de tudo é que eu estarei ao lado dele, porque casamento também se constrói na saúde e na doença. =)
Vamos em frente. Que venha 2012.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

eu sinto falta de quase tudo em voce. ou de tudo, ja nao sei. quer dizer, eu sei. sinto falta de qualquer pequena coisa.
tenho saudades de vc me acordar de manha pulando em cima do meu teto. saudade de te encontrar na cozinha todo amarrotado, com a mesma camiseta que estava usando no dia anterior. tenho saudade de receber um torpedo as 10h perguntando por que diabos eu nao estava na aula, e saudades de ficar imaginando como diabos voce sabia daquilo, ja que nao estudava na mesma escola que eu. tenho saudade de chegar a tarde e ja te encontrar cozinhando, concentrado, tomando uma cerveja, e de vc me chamar pra fumar la fora e a gente deitar no chao pra aproveitar a raridade que era um dia com cara de verão naquela cidade chuvosa. eu tenho saudade dos seus olhos que mudavam de cor dependendo do dia, dependendo da luz, dependendo de como voce se sentia. saudade da sua mensagem dizendo que podia ouvir minha risada lá do seu quarto. tenho saudade de beber com voce, e de voce brincar comigo o tempo todo. tenho saudades das sacanagens que voce fazia, como esconder meus sapatos pra me fazer sair na chuva descalça. e saudades de estar cozinhando no fogão ao lado, e de você vir por trás me lambuzar com qualquer coisa ou enfiar os dedos dentro da minha orelha. tenho saudade de te ver jogando rugby no gramado em frente ao museu, e de vc vir correndo la de longe, e vir esfregar seu rosto completamente nojento e suado no meu, no meio de um monte de gente que eu nao conhecia, pra me tentar fazer passar vergonha. e saudade de ouvir minha propria risada depois disso, porque eu nao tinha nojo algum de você. tenho saudades da gente juntos nas festas, dançando como malucos, descendo até o chão, enchendo a cara e de de repente você me puxar e apontar qualquer pessoa que na sua cabeça se parecia com um cantor de rap famoso. e saudade da gente correr pra alcançar essa pessoa e pedir pra tirar uma foto com ela. fazendo cara de gângster. tenho saudade de como você contava algo importante sobre mim pra alguma pessoa com admiração, e tenho saudade de como eu me sentia surpresa de ver que você se lembrava daquele fato. e eu tenho saudade de como você cuidava de mim quando eu exagerava e começava a fazer coisas insanas por aí. e me protegia. tenho saudades de virar a esquina com pressa, indo encontrar outro amigo no café, e encontrar você voltando da aula, e meu sorriso brotar enorme na cara. e de dar meia volta pra vc ter tempo de ir ao banheiro antes de voltar junto comigo, por mais que eu já estivesse atrasada e o outro amigo esperando. tenho saudade também de quando a gente dormia no sofá assistindo televisão, e do seu ronquinho pequeno. saudade de fingir que estava dormindo, e na verdade ficar ali olhando, pensando que eu nao queria estar em outro lugar. saudade da sua comida. saudade de não ter percebido que você fez um bolo escondido de mim, pro meu aniversário fake, e não ligou pra importância da data o dia todo, pra no fim do dia aparecer com ele na mão, um cartão e um sorriso gigante. saudade da risada que você deu no dia seguinte, que era o seu aniversário de verdade, quando viu o meu presente. e de voce dancando michael jackson em cima da mesa no escuro, de madrugada. saudade de você fazendo esforço pra esquentar minha comida quando a cozinha estava fechada com uma grade e você enfiava o braço por ela, fazendo malabarismo. saudade de fazer carinho no seu cabelo, e você dizer que poderia ficar ali por dias. saudade de fazer massagem nas suas costas macias, nas suas batatas da perna e no seu pé grande. saudade de você lambendo meu dedo quando eu me cortei, chupando o sangue, e depois me levando pra colocar um curativo que você mesmo inventou. saudade do dia que vc me deu aquele colar que diz que nós somos almas gêmeas, e mesmo que nos separemos continuaremos crescendo juntos. saudade de você peidando alto pra me provocar, e me fazendo rir sem parar, porque nem assim eu tinha nojo de você. saudade da gente brincando estupidamente, se estapeando na cabeça, no rosto, da gente lutando e eu percebendo no dia seguinte a quantidade de hematomas. saudade de você rindo daquilo e dizendo: nao fui eu... saudade de saber que antes da gente se conhecer, a gente cantava a mesma música do mesmo jeito, errado, claro. e saudade de entender coisas só com um olhar pelo espelho retrovisor. saudades de cutucar o nariz e limpar embaixo da sua cama, e você nem ligar porque ambos estávamos bêbados e rindo demais pra isso. saudade de você me encher o saco por tudo. saudade de você não ligar e me adorar do mesmo jeito mesmo quando eu dava vexames contando coisas esdrúxulas mil vezes sem perceber que você me pedia desesperadamente pra mudar de assunto. e do dia em que você foi embora, e a gente fez muitas coisas juntos, quase todas em silêncio. andando pelas ruas em silêncio. você carregando minha bolsa e me oferecendo seus chinelos quando eu não conseguia caminhar nas pedras da praia. você usando minhas sapatilhas porque eu escondi seus calçados. você me dando todos os seus remédios e me explicando pra que eu poderia tomar cada um. você dirigindo olhando pra frente, eu segurando meu choro e tentando nao fungar, sem sucesso. dando uma fungadinha de nada. e você me olhando, quieto, compartilhando da mesma dor. saudade de ficar te olhando enquanto você escrevia no meu caderninho. e do ultimo abraço. de você parado na porta, antes de ir pro estacionamento buscar seu carro. parado. dizendo "so, see you..." e de mim me segurando pra não fazer uma cena clichê de correr na sua direção chorando e te pedindo pra não ir embora nunca da minha vida, da mesma cidade, mesmo que eu também tivesse que ir embora de lá uma semana depois. tenho saudades do momento em que eu resolvi alterar minhas passagens e ficar ilegal no país, e o verdadeiro motivo era não querer ir embora antes de você, era poder ficar mais uns dias por perto, porque eu sei o tempo que iremos passar longe agora. e do último olhar que você deu, de dentro do carro, pela janela da cozinha, enquanto eu já me desmanchava em lágrimas que tinha segurado até você sair. Saudade da mensagem que vc mandou do aeroporto, dizendo que tinha colocado um crédito apenas pra falar comigo. me agradecendo por tudo e dizendo que me amava. que sentiria demais a minha falta. e do seu celular ligando sozinho pro meu, quando você estava no aeroporto e eu já na estrada, viajando com nossos amigos pra tentar não passar aquele final de semana no fundo do poço. de ouvir seus últimos momentos no país sem que você me ouvisse de volta. e de saber depois que você me escutou, pois eu também não percebi que liguei de volta e caiu na caixa postal. saudade dos seus olhos. de dizer que eu sentiria falta dos seus cabelos enquanto beijava sua mão. e de você beijar a minha de volta e responder: "eu vou sentir falta DE VOCÊ".

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Quisera...


Quisera ter-te em meus braços, languida e suave.

A seduzir-me nessa cálida e morna tarde.

Sentir teu toque. Perfume. O sabor de teus lábios e boca.

Sorver-te como a um sorvete deitado entre tuas coxas.

Quisera saber-te minha, para não mais afastar-me de ti.

E ter-te para sempre junto a meu peito.

O alvo da sua pele. O negro dos teus cabelos. O rubor de tuas faces.

Quero-te, morena dos olhos de mel.

Quero ser teu e que seja minha.

Quero-te muito.

ella33g

Graziela deveria ser nome de flor.

E que flor seria essa moça, que encanta e a todos seduz com seus, olhares, jeitos, perfumes de timidez?

Talvez um generoso e onipresente girassol - a rainha de todas as flores - resplandecente a seguir o astro rei a todos os cantos onde está.

Semelhante a rosa ela seria? Rosa qual o tom de sua pele e labios generosos ao acordar do sono, lânguida e sensual a espalhar seu perfume inebriante.

Ou como um narciso, exotica e única a nos premiar com a visão de sua delicada beleza.

Seria então uma doce tulipa, destacando-se por suas formas suaves e perfeita elegancia entre tantas flores?

E naqueles dias em que é necessário tomarmos emprestado alegria e frescor em nossas vidas, pediriamos ao florista com indisfarçada ansiedade:

- Por favor, uma dúzia de Grazielas.

Ao qual ele, encabulado, responderia.

- Desculpe, moço. Graziela só há uma...

Clariceanas

"O caminho que escolhi é o amor. Não importam as dores, as angústias, nem as decepções que vou ter que encarar. Escolhi ser verdadeiro. No meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero. Por isso, não estranhe a minha maneira de sorrir e de te desejar tanto bem. Eu sou aquela pessoa que ACREDITA no bem, que vive no bem e que anseia o bem. É assim que eu enxergo a vida e é assim que eu acredito que vale a pena viver"

Clarisse Lispector

Era como um mar...



Era como um mar.

Era assim a sensação que ele tinha quando ela lhe mirava com seus lindos olhos de mel.

Seus cabelos escuros contrastando com a pele alva, o jeito de menear a cabeça, o sorriso de canto a lhe enfeitiçar.

Era a sensação de ondas de suas mãos em movimento, acompanhando a fala em uma italianice brejeira.

Era um mar de sensualidade.

E ele se perdia no que conversava olhando seus lábios se mexerem, apreciando cada segundo de sua boca e encantos.

E ele se perdia no castanho de seus olhos entrecortados pela luz da vela no primeiro encontro, naquele restaurante famoso, em uma segunda feira.

Nem tão bom era o serviço. Nem prestou atenção nisso, pois estava mergulhado e inebriado naquele mar.

Navegando nos olhos da morena linda que ali estava a sua frente.

“Não sei bem como continuar isso”, disse-lhe ela convidando-o para aquele primeiro beijo. “First date”. Primeiro beijo. E junto com este vieram tantos outros.

E a cada encontro, mais e mais se envolvia. Um pouco mais ele se entregava, pois não podia se conter em dizer-lhe que se tinha apaixonado. E ela pedia "devagar".

E ele esperou lembrando o Drummond: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”.

E ele esperou como dizia o Pessoa: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

E ele esperou a lhe escrever poesias: "Devagar, me diz... E devagar sigo assim, prisioneiro desses olhos de mel... Cativo do seu sorriso, a te velar um sono doce em meu colo, entre cafunés e rainhas do Egito."

E aos poucos, a cada dia, um pouco mais o profundo mar de mel de seus olhos se aproximava dele.

A cada poesia, a cada gentileza, a cada conversa, ela o permitia ao lado. Com sua inesgotável paciência ele esperou.

E ainda espera.

Que um dia seja coroada de êxito a espera, que possa ter cálida, suave e entregue a sua rainha do Egito, e que juntos possam viver um belo e lindo amor.