sexta-feira, outubro 28, 2011

Aurora

Desde quando era criança sempre ouvi dizer que São Paulo é a terra da garoa. Me lembro das manhãs, quando acordava para ir à escola, da garoa que fechava a aurora e o friozinho que me obrigava a ir de blusa para as aulas. Ultimamente não vejo a famosa crença de a garoa fazer-se de si mesma uma fé fiel, antes, mais duvidosa do que sair de carro em feriado na cidade do trânsito. Transito? É, uma coisa vem para substituir a outra.  Agora não temos mais garoa e uma aurora friazinha, no lugar dessa sensação agradável temos uma multidão de carros nas ruas da nossa cidade. Aurora? Estou até pensando em tirá-la do meu dicionário de palavras, já não fará sentido saber seu significado. O céu anda escuro, e isso, mesmo quando está de dia. Daria um milhão de carros para ter em troca minha velha e boa companheira garoa.

Há quase três anos faço o mesmo percurso até a faculdade. E claro, não tem diminuído a quantidade de carros. Pessoas? Nunca vi tanta gente e em proporções tão significativas de expansão. Já dizia meu velho companheiro de estrada: “a cidade cresce e tudo fica cada vez menor”.  Estamos chegando aos 7 bilhões. Já pararam pra pensar? É muita boca que fala e que precisa de alimento. Sem contar as expectativas para o ano de 2050. Me pergunto se entraremos em rota de colisão com números e ausência de humanidade tão altos e absurdos.

Enquanto tudo cresce e aparece, existe uma que anda em extinção e sendo aos poucos aniquilada. Andam demolindo todas as casas e dando lugar aos arranha céu. Antes avistava ao horizonte, hoje já não tenho para onde olhar – só se vê prédios. Espero que com isso não joguem pelos ralos a vida em família, entre amigos. Espero, que mesmo com tantos arranha céus, preservem o espírito familiar e que este não morra junta à casa. 
E que se há fumaça que seja de um belo churrasco entre amigos. Que se há trânsito que seja de tantos sentimentos bons, congestionados em nossas atitudes, prontos a estourarem a pele que os prende.

Há muita gente e cada vez menos amor entre elas. Há muitos carros e cada vez menos responsabilidade: bêbados que tiram a vida de outras pessoas. Há muito mais liberdade e cada vez menos respeito ao próximo.

Sinto falta da aurora, da garoa e das manhãs frias de quando criança.
  






terça-feira, outubro 25, 2011

Poema

Nos últimos meses temos mais do que nunca ouvido falar sobre o fim do mundo. Um poema para comemorarmos toda nossa ansiedade e premonições sobre o evento que mora logo ao lado mas que ainda não veio nos visitar: o fim do mundo!

              Muito
 Barulho
                    por
     Nada!

sábado, outubro 08, 2011

Sobre o tudo, o nada e o nada mais

Quem você pensa que é? Qual é o seu contorno no mundo?

Venho dormindo com essas perguntas desde quarta feira. Os projetos do meu grupo de pesquisa estão ficando cada vez mais complexos, e essas foram as perguntas que ficaram como "lição de casa".
Infelizmente, não poderei ir na próxima reunião do grupo (Oi, Pará!), mas sei que vai correr tudo lindamente, e eu estarei cantando Guilherme Arantes com eles, em pensamento.

Agora, lindo mesmo vai ser eu discotecar numa balada no Pará (Oi, Pará!), depois de micacabar dançando carimbó (não faço a menor idéia de como se dança isso, mas prometo fotos e histórias bizarras, aguardem).

Fortes emoções. gentem. Ah, sim, e aguardem noticias sobre o projeto de dominação do mundo.