sexta-feira, junho 17, 2011

wish you were here.

Aquela saudade não dependia de nem era vinculada a amor, pelo menos não aquele tipo de amor clichê, a coisa sexual. Aquela saudade era vinculada a um amor que ela não sabia como explicar a alguém. Sabia sentir e só. Porque ela se apaixonava por pessoas o tempo todo, pelo jeito das pessoas, pelos gestos das pessoas, às vezes pelos olhos ou pelos narizes das pessoas, por um corte de cabelo, um disco encontrado nos pertences ou um jeito de vestir, era uma coisa esquisita de entender pra quem não a conhecia bem. E a paixão e o amor que sentia por ele vinham simplesmente da admiração e do coração mesmo. Não queria beijá-lo na boca nem se casar com ele, mas sentia uma falta que chegava a apertar o peito, de olhar pra ele quando ele dormia, fazer carinho nos cabelos quando ele deixava crescer, das costas macias, pequenas e cheias de pintinhas dele, dos barulhinhos que ele fazia quando acordava e de ficar com os pés encostados nos dele, porque aquilo lhe dava uma segurança que a fazia dormir tranquila naquele quarto conhecido. Da saudade dos porres, dos papos e das revelações, de saber que ele sabia e de como se sentia aceita, não podia nem lembrar sem que a pele se arrepiasse. Às vezes pensava que podia ter sido sua mãe em outra vida. Ou que ele podia ter sido a mãe ou pai ou amante ou o melhor amigo dela por séculos seguidos. Ou teriam sido irmãos, como parecem ser às vezes ainda. A gente nunca sabe. Sabia da saudade; não tinha explicação.


(Texto reeditado e revirado das cinzas de 2008, porque deu essa saudade e ela parece mesmo ser o tema do dia por aqui)

4 comentários:

Barbara Manoela disse...

uma fala, a outra complementa. quer casar comigo?

Ruby Tuesday disse...

a gente já vive esse casamento há uns 8 anos, né?

vamos oficializar? aquele quarto na sua casa ainda ta disponível pra mim?

Barbara Manoela disse...

claro que tá. Sempre! =)

Fabiano Cavalcanti disse...

Minha japinha!! Que texto lindo!