quinta-feira, agosto 21, 2008

Você disse que ia cuidar de mim. Disse que seria pra sempre, e não foi. Fez promessas, me deu flores, leu poemas sob a luz da lua. Pra quê?
Ali, a única coisa realmente verdadeira era a presença física de nós dois, mais nada. Porque não tinha conteúdo ou substância e, naquela altura, já não tinha nem sentimento.
Naquele canto, sentados, você me encarava como quem quer saber o próximo passo. Pois te digo, não existe próximo, nem próxima, nem nada. As pessoas nos encaravam nas ruas e sorriam para nós porque parecíamos felizes, mas dentro de mim, o vazio amplificava o som do meu coração.
Coloquei aquela música que você gosta, "Where do you go to my Lovely", você sempre comentava sobre o violão... E a gente riu das lembranças divertidas de um passado nem tão recente. Você não quis assistir o filme comigo, lembra? Me esqueceu no meio da Paulista, durante um temporal, porque ficou com vergonha de desmarcar, e ai eu resolvi passear na chuva e peguei aquela gripe que te deixou morrendo de culpa... você cuidou de mim, preparou meu chá preferido e passou a noite velando meu sono.
E quando eu te esqueci na vernissage do Zé, você ficou puto, mas não falou nada até ficarmos a sós, e ai falou com toda a calma o quanto estava chateado por eu ter deixado você pra trás.

Mas isso tudo é passado. Porque eu olho nos seus olhos e não te reconheço.
Quero levar comigo só as lembranças doces.
O resto, a gente deixa o tempo levar.

"Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo."
Rubem Braga

2 comentários:

Patrice Mersault disse...

Muito bom Bab's... Tão bom ou melhor que a velha Valentina Danuza Leão.


Bjãooo

Ruby Tuesday disse...

Tá lindo, bem ao estilo da Fal... Beijos, beibe.