quinta-feira, outubro 08, 2009

Daí.

Daí que a gente escreveu a história de amor mais bonita de todos os tempos. E documentamos quase todas as palavras, menos o fim. Eu pego esse caderno que tem seu nome gravado em letrinhas prateadas na capa, e durmo com aquela sua blusa mostarda que me envolve como um abraço de domingo a tarde jogados na cama depois de passeio, risada, amor e cachoeira, no rancho do Osmar, as montanhas em volta e a varandinha na frente. O som da risada da gente, o meu cabelo molhado, os teus olhos devotos do dia em que nos casamos ali, com a natureza de testemunha e a moqueca capixaba de almoço de comemoração. Você não vê que enquanto eu escrevo as lágrimas pingam gordas, uma depois da outra, e o meu nariz escorre como quando eu chorava na sua frente e você sorria dizendo que com um nariz tão pequeno não sabia como eu podia respirar, e limpava meu choro com as mãos. O cadreno que você me deu quando veio me ver com urgência, com o desespero de quem não se podia dar ao luxo de não estar perto daquilo que buscou durante toda uma vida. Fomos todos os clichês do mundo. Eu enxugo meu nariz e respiro os momentos. Os e-mails e o documento que registrava nossos dias distantes e os dias juntos, aquele plano besta de ter uma família e de sorrir pela manhã e de encontrar os olhos mais bonitos do mundo todos os dias. O plano que todo mundo faz e não dá certo. E dái que eu me escondo na porralouquice dos dias e das metas e dos planos de carreira, na rotina do "café cigarro cerveja estou tão cansada mas a vida é isso mesmo". Também não sei qual era o plano certo, meu (ex) amor. Era mais fácil não precisar escolher. Eu finjo a vida como uma coisa que está ali e a gente faz o que pode.

3 comentários:

Barbara Manoela disse...

Porra meo... esse post foi bem foda e eu nem sei o que te dizer. Aliás, sei sim: eu te amo. E se precisar de colo, vc sabe pra onde correr.
beijos

Patrice Mersault disse...

Já tinha até esquecido o quanto eu gosto de vc!!!

Lisa disse...

nunca cicatriza, eu sei...