segunda-feira, março 31, 2008

Literatura de Bordel

Tenho um gosto peculiar para poesia. Gosto dos classicos, do Pessoa, do Quintana... Mas gosto também da velha e boa Literatura de Cordel. Do verso certinho, com métrica, com rimas ricas... Daqueles das feiras de interior de Pernambuco e das músicas de Alceu e Lenine...

Esse blá-blá-blá é para introduzir uma série de poesias de cordel de desafio que fiz com um amigo meu a algum tempo.

A idéia é: Dado um "Mote" (tema principal), desenvolver todas as rimas, seguindo a métrica e estética do cordel e sempre fechar com o Mote.

Sendo então "Literatura de Bordel", temos o Mote: PAREI DE BATER PUNHETA QUANDO FUI NUM CABARÉ.

Com vocês, Raminho, Epaminondas e Grande elenco!!!

No meu tempo de donzelo
Tinha a cara encalombada
Vivia de mão inchada
Era magro e amarelo
Todo dia era um "flagelo"
Fosse deitado ou em pé
No banheiro e até
Atrepado na prancheta...
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré

Não faltava em meu banheiro,
de túia, embaixo da pia,
revista de putaria
nos tempos de punheteiro.
Eu gastava meu dinheiro
vendo foto de mulé
pro meu pau ficar em pé
feito um cabo de marreta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Eu me lembro num estalo
dos tempos de punhetagem
só pensando em sacanagem
com as mãos cheias de calo.
Meu leite já tava ralo
de sonhar com Salomé
baixada de quatro pé
mamando minha caceta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Eram cinco contra um
numa luta desigual
a mão esfolando o pau
já era coisa comum.
Não pensei em tempo algum
que um dia em Itambé
uma tal de Nazaré
fosse me dar a buceta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Conhecendo a meretriz
Que me afaga o coração
Nunca mais usei da mão
Pra comer e ser feliz
Hoje não sou aprendiz
Já comi inté com o pé
Já comi de marcha ré
E inté mulher zambêta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Tô pegando uma tal de Guta
puta que não tem parelha
fode até com a orelha,
garante que ainda escuta.
Tem uma outra prostituta
de nome Maria José
chegada a cheirar rapé
e foder de meia preta.
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Por detrás de um umbuzeiro
eu peguei outra sacana,
conhecida por Rosana,
mulé-dama do puteiro.
Pra economizar dinheiro
fui pra mata do sapé
ela quis foder em pé
encostada na lambreta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Em Recife, minha terra,
é uma zona da cachorra
tem puta que só a porra
feito soldado na guerra.
Na hora em que o bode berra
não se sabe mais se é
travesti ou se é mulé
se é cega ou é perneta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Essas moças que aqui escrevem
são todas quase donzelas;
como eu gosto muito delas
digo que nunca meteram....
ou então já "se perderam",
como diz toda mulé.
Nas duas eu boto fé
com elas ninguém se meta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Ainda estou inspirado
vou lhes contar um negócio
tinha um tal de "Equinócio",
era um bordé disfarçado,
num lugar longe arretado
que ninguém chegava a pé
mas tinha tanta mulher
que eu cruzaria o planeta
Parei de bater punheta
quando fui num cabaré.


Larga mão de fazer rima
Que tu tá perdendo tempo
Que agora é momento
De sair e pegar "mina"
Que é assim que diz "mulé"
Cá pras banda de Sum Paulo
Já esfolei o meu caralho
De brincar na carrapeta
Parei de Bater punheta
Quano fui no cabaré

Cabaré de Paulistano
É tudo nos trinque e chique
Mas as putas dão chilique
Quando vê Pernambucano
É que a gente trepa em pé
Deitado, de lado, no muro
Trepa na luz e no escuro
Trepa que nem o capeta
Parei de bater punheta
Quando fui no cabaré

Eu era menino mijão
O coração sem maldade
Mas na minha puberdade
Foi punheta de montão
Mas a vida é o que é
Perdi o queijo e a vergonha
No bordel larguei da Bronha
E aprendi o que é buceta
Parei de bater punheta
Quando fui no cabaré

Fabiano, meu querido
colega de faculdade
lembro com muita saudade
daquele tempo corrido.
Nosso prédio era tido
como o das mió mulé
Dentro da UFPE
comi ruiva, branca e preta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Raminho meu camarada
Aquele tempo era porreta
Onde tinha muita buceta
E muita mulé tarada
Meti que nem garnizé
La no CAC e cercanias
Foi mulé de noite e de dia
Branca, India, Japa e Preta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré

Todo canto tem das puta
Casas boas que só vendo
As mulé se estremessendo
Tudo minhas prostituta
Eu vô logo na disputa
Vô de riba e vô de pé
Pra comer esses filé
Boto fora essa trombeta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Fui flagrado no banheiro
Por titia Madalena
Ainda lembro da cena
Ela soltando um berreiro
Gritando: Seu punheteiro
Vou contar pra seu José
Pra ele saber quem é
O seu filho picareta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré!!

Meu tesão é a centelha
que minha pica dispara
então corro pra ver Lara
na casa da luz vermelha.
Subo por riba da telha,
feito gato em quatro pé,
vocês sabem como é,
eu sou o rei da mutreta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré.

Os puteiros de Recife
Tem grande diversidade
Puta boa de verdade
Pra escolher com quem se fique
Tem puta de São José
Orobó, Pesqueira e Condado
Tem puta de outros estados
Tem puta de outro planeta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré

A minha primeira Punheta
Nem sabia tocar direito
Fui mexendo meio sem jeito
Na ponta da chapeleta
Mas depois foi um banzé
Os óio pulô pra fora
O saco quase que estora
Vazou até na macaneta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré

Quem me apresentou a vida
Foi uma puta chamada Tonha
Ela me tirou da bronha
E me apresentou a mardita
Ai sabe como é
Não larguei mas o ofício
Isso até virou um vício
Só quero é comer buceta
Parei de bater punheta
Quando fui num cabaré

4 comentários:

Ruby Tuesday disse...

Gente, mas que homarada talentosa! São os póprio Caju e Castanha! :D

Epaminondas meu querido, tô besta contigo. E com teu amigo tbem.
Adorei a Literatura de Bordel, não teve como não ler meio cantandinho, hahahahaa!

Voltou em grandissíssimo estilo, pernambucano querido de nossos corações e porção nordestina de nosso brogue.

Beijos, beijos, tem aniversário chegando!

Barbara Manoela disse...

sabe q até eu fiquei afins de compor um cordel desses? vou tentar. será que Ruby Tuesday me acompanha????

Patrice Mersault disse...

E qual seria o seu mote, minha querida?

. disse...

uma lição de vida!